

A acidez no estômago é um fator essencial para que a digestão aconteça corretamente. Em níveis normais, a presença do ácido gástrico não causa efeitos negativos1-2.
O problema é quando existem distúrbios gastrintestinais, desregulação na secreção ou consumo frequente de alimentos e bebidas que aumentam o pH do estômago1-2.
O excesso de acidez provoca incômodos, como sensação de queimação, azia e até dor abdominal. Dessa forma, é fundamental entender o que causa as alterações e formas de regular a acidez estomacal1-2.
Continue no artigo e conheça as principais interferências, qual o pH normal do estômago e dicas para controlar os níveis de ácido gástrico.
Resumo:
- O pH do estômago é ácido. Ou seja, precisa se manter entre 0 e 7 para permitir a digestão adequada dos alimentos1.
- As alterações ou desconfortos relacionados à acidez do estômago podem acontecer devido ao tipo de alimentação, hábitos e estilo de vida e uso inadequado de medicamentos9,10,11-12.
- Para evitar incômodos e manter o nível regular, exclua alimentos ácidos da dieta, revise o uso de remédios e investigue a presença de doenças gastrointestinais12-13.
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Boa leitura!
Qual o pH do estômago?
Em pessoas saudáveis, a média do pH do estômago em jejum é de 2,16 +/- 0,09 em homens e 2,79 +/- 0,18 em mulheres3. Ou seja, o ideal é que o ambiente esteja ácido para permitir a quebra adequada dos alimentos ingeridos, especialmente das proteínas1.
A escala de pH varia de 0 a 14 e indica a presença ou concentração de íons de hidrogênio (H+) ou de hidroxila (OH-)4. Conforme a quantidade de íons, existem três estados:
- ácido: pH entre 0 e 74;
- neutro: pH igual a 74;
- alcalino: pH entre 7 e 144.
Processo de digestão química
O estímulo dos hormônios gastrina e histamina faz com que as células que revestem o estômago liberem três substâncias que têm um papel fundamental no processo químico da digestão: muco, ácido clorídrico e pepsinogênio (precursor da pepsina)1.
O muco protege a parede intestinal de agentes irritantes. Assim, a secreção do ácido clorídrico acidifica o ambiente estomacal, o que ativa a pepsina e permite a hidrólise das proteínas5-6.
A acidez do estômago ainda funciona como uma barreira antisséptica contra bactérias, como a Helicobacter pylori, que causa inflamação no estômago, pois, esses microrganismos não sobrevivem em pH baixo7.
Além de criar o meio adequado para a ação da pepsina, o ácido clorídrico tem outras funções no processo digestivo, como:
- dissolução de nucleoproteínas e do colágeno5;
- precipitação da caseína (proteína do leite)5;
- conversão da sacarose (um tipo de açúcar) em glicose e frutose5.
Dessa forma, a digestão acontece normalmente com o estômago protegido da sua acidez natural que permite a hidrólise das macromoléculas dos alimentos (proteínas, gorduras) em moléculas menores (aminoácidos, ácidos graxos) facilmente absorvidas pelo organismo8.
Porém, quando algo interrompe essa harmonia, a acidez do estômago pode se desregular e até aumentar, o que causa bastante incômodo.
O que causa a acidez no estômago?
A cavidade estomacal é naturalmente ácida, mas existem fatores que causam o aumento da acidez no estômago. Confira a seguir os principais motivos da alteração.
Alimentação
O tipo de alimentação influencia diretamente a acidez do estômago porque alguns alimentos ativam mais as células secretoras de ácido, o que pode desregular a secreção ou favorecer o refluxo ácido9.
Os alimentos que aumentam a resposta ácida são:
- abóbora9;
- alimentos gordurosos9;
- alimentos industrializados9;
- cebola9;
- chocolate9;
- fritura9;
- frutas ácidas (abacaxi, acerola, ameixa, amora, caju, laranja, limão, morango, pêssego, tangerina, uva) ou verdes9;
- melancia9;
- peixes oleosos, como salmão9;
- pepino9;
- picles9;
- pimenta9;
- pimentão9;
- produtos derivados do trigo9;
- queijo9;
- rabanete9;
- vinagre9.
O consumo de leite, álcool, bebidas com gás (refrigerantes) e cafeinadas (café e alguns chás) também podem intensificar a acidez no estômago9.
Além disso, o volume da refeição influencia não só na quantidade de ácido, mas favorece a azia e o refluxo, pois o estômago distende para acomodar a comida, o que pressiona e relaxa o esfíncter esofagiano9.
Dessa forma, o conteúdo altamente ácido do estômago retorna para o esôfago e, às vezes, chega até a garganta9.
Esse efeito pode ser pontual, devido ao excesso de comida, ou frequente. Para investigar o quadro, é fundamental observar alimentos que desencadeiam o refluxo para seguir uma dieta adequada e avaliar a possibilidade de doença do refluxo gastroesofágico9.
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Hábitos e estilo de vida
Existem hábitos que causam problemas no trato digestivo. O tabagismo é o principal exemplo. Um dos efeitos da nicotina é o relaxamento, pois a substância reduz o tônus muscular10.
Porém, essa característica tem um efeito negativo: a diminuição da contração estomacal, o que prolonga o processo digestivo e a acidez do estômago10.
A perda de tônus pode afetar o esfíncter esofagiano e favorecer o refluxo ácido e, consequentemente, o surgimento da azia, queimação e dor epigástrica11.
Uma rotina estressante é outro fator que pode causar alterações gástricas, pois o sistema nervoso tem ligação com o processo digestivo. Dessa forma, o equilíbrio no dia a dia é fundamental para evitar problemas no estômago e um burnout11.
Medicamentos
O uso frequente ou contínuo de alguns medicamentos pode interferir na acidez do estômago e provocar desconfortos gástricos.
Em algumas mulheres, as pílulas anticoncepcionais podem ter esse efeito, assim como os remédios para hipertensão. Os usuários devem observar a frequência dos sintomas e conversar com o médico sobre a substituição dos ativos11.
O uso indiscriminado de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) para tratamento da dor, febre e inflamação, compromete a barreira de defesa formada pelo muco estomacal12.
Assim, as chances de inflamação da mucosa aumentam, pois o ácido entra em contato com a parede do estômago, o que favorece a gastrite e a formação de úlceras12.
Para evitar problemas gástricos, utilize os medicamentos pelo tempo recomendado pelo médico e comunique qualquer desconforto após o início do tratamento.
Como regular a acidez do estômago?
A acidez do estômago é fundamental para uma boa digestão dos alimentos. Então, confira a seguir dicas para regular os níveis e evitar desconfortos:
1. evite alimentos irritativos e difíceis de digerir13;
2. beba menos álcool13;
3. abandone o cigarro13;
4. faça pequenas refeições ao longo do dia13;
5. não se deite logo após comer13;
6. eleve a cabeceira da cama para evitar a azia noturna13;
7. use roupas que não apertem a região abdominal13;
8. utilize medicamentos pontualmente, como os antiácidos para aliviar episódios ocasionais2.
Cuide da saúde do seu estômago
A acidez do estômago é uma característica natural que, nos níveis adequados, garante um processo digestivo eficiente e sem desconfortos.
Para evitar problemas, é fundamental seguir uma dieta equilibrada no dia a dia, eliminar hábitos nocivos e, caso tenha um dia de excessos, busque medicamentos seguros.
Engov comprimido, por exemplo, serve para quem sofre de acidez estomacal, pois sua fórmula contém hidróxido de alumínio, um antiácido seguro que alivia o desconforto causado pela azia14.
O segredo é utilizar a dose indicada na bula do remédio e respeitar a dose diária máxima. Se os sintomas gástricos continuarem, é fundamental buscar orientação médica14.
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Engov. Maleato de mepiramina, hidróxido de alumínio, ácido acetilsalicílico e cafeína. Indicação: alívio dos sintomas de dores de cabeça e alergias. MS 1.7817.0093.
ESTE MEDICAMENTO É CONTRAINDICADO EM CASOS DE SUSPEITA DE DENGUE. SE PERSISTIREM OS SINTOMAS O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO.
2. Vakil N. Medicamentos para o tratamento da acidez gástrica [Internet]. Manual MSD Versão Saúde para a Família. Manuais MSD; 2023. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/gastrite-e-%C3%BAlcera-p%C3%A9ptica/medicamentos-para-o-tratamento-da-acidez-g%C3%A1strica. Acesso em outubro/2024.
3. Feldman M, Barnett C. Fasting gastric pH and its relationship to true hypochlorhydria in humans. Digestive Diseases and Sciences [Internet]. 1991 Jul 1;36(7):866–9. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/2070698/. Acesso em outubro/2024.
4. Muniz H. Artigo Científico - Tema: Medição de pH em emulsões [Internet]. 2006. Disponível em: https://www.gehaka.com.br/downloads/medicao_ph.pdf. Acesso em outubro/2024.
5. Sistema Digestório - Orientação para o professor. CDCC - USP [Internet]. Disponível em: http://www.hu.usp.br/wp-content/uploads/sites/512/2019/07/sistema-digest%C3%B3rio-2.pdf. Acesso em outubro/2024.
6. Avaliação do pH gástrico em pacientes submetidos a nova técnica de cirurgia bariátrica introdução [Internet]. Disponível em: https://prp.unicamp.br/inscricao-congresso/resumos/2023P22379A39099O76.pdf. Acesso em outubro/2024.
7. Vinícius M. Efeitos da hipocloridria induzida por tratamento de curta duração com omeprazol na colonização aeróbia do estômago em pacientes com doenças cloridro-pépticas. UFSCBr [Internet]. 2024. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/114273. Acesso em outubro/2024.
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14. Hypera Pharma. Engov: Analgésico para dor de cabeça, mal estar e indisposição. [Internet]. engov. 2023. Disponível em: https://www.engov.com.br/produto/engov. Acesso em outubro/2024.